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terça-feira, 8 de março de 2011

TRABALHO DE CAMPO COMO DESCOBERTO e CRIAÇÃO

Professora Maria Liduína de Oliveira e Silva


 Na pesquisa qualitativa, o trabalho de campo se apresenta como uma possibilidade de aproximação ao objeto de estudo, bem como, como uma construção de conhecimento, partindo da realidade.

 O conhecimento empírico é o ponto de partida para a investigação científica.


Trabalho de campo possibilita:

• Rico dialogo com a realidade;
• Movimento de apreensão do abstrato ao concreto. Concreto pensado;
• Aprofundar da realidade/objeto;
• Capacidade de abstração da realidade. Apropriação do conhecimento empírico e teórico.

Pedro Demo observa que:

 A tarefa do pesquisador é questionar, refletir criticamente chegar a DESCOBERTAS E CRIAÇÕES.

 Somente o trabalho de campo proporciona descobertas, revelações e criações.

 Criar é ler a realidade com um novo olhar, com uma interpretação crítica. Isso é produção de conhecimento.

 Investigar é conhecer a realidade para transformação numa perspectiva critica. Por que pode-se transformar numa perspectiva da renovação conservadora.


Pesquisador é um artesão intelectual (Paulo de Oliveira)

Para o pesquisador o trabalho de campo não é um laboratório, porque não é uma experiência que não considere e respeite a voz dos sujeitos históricos. Ao contrario, o sujeito dá significado a sua história e a sua vida, sociedade.

O trabalho de campo não fica circunscrito ao levantamento de dados e á discussão da bibliografia.


 O Trabalho de Campo é um esforço de investigação para criar um novo conhecimento. Permite articular conceitos e sistematizar a produção de uma determinada área de conhecimento. Visa criar novas respostas, demandas e questões num processo de incorporação e superação daquilo que já foi produzido.


Minayo refere:

 “campo de pesquisa como um recorte que o pesquisador faz em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto da investigação”. Ex: Estudo das condições dos moradores do bairro Brasilândia.

Além do recorte geográfico, é:

 Primordial conhecer a dinâmica sócio-histórica da comunidade, dos sujeitos que fazem a história e a realidade que vai ser investigada.

 É necessário uma construção teórico para o recorte do objeto pesquisado (o que pesquisar?)

 Campo é um PALCO DE MANIFESTAÇÕES DE OBJETIVIDADES, SUBJETIVIDADES, CONFRONTOS, DISPUTAS E EXPRESSÕES DA Q. SOCIAL. É criação de conhecimento.


ENTRADA NO CAMPO é preciso:

 Projeto de pesquisa;
 Fundamentação teórico-metodológico (método);
 Definição dos instrumentos/técnicas de pesquisa;
 Construção das técnicas: roteiro das entrevistas, História de vida....
 Delimitação do espaço a ser pesquisado;
 Fase explóratória.....

CUIDADOS NO TRABALHO DE CAMPO:

 Pesquisador crítico-reflexivo, de modo a ter uma intervenção crítica, competente e comprometida com as dimensões investigativa, técnica, ética e política.
 Para isso, faz-se necessário a interdisciplinaridade, o diálogo entre diferentes conhecimentos/setores, políticas, rede de serviços e a clareza de que a realidade não é mero pano de fundo, mas é o lócus da própria investigação;

 Os obstáculos podem dificultar ou inviabilizar as fases de pesquisa;
 Buscar aproximações sucessivas com os sujeitos da pesquisa. Conhecer o cotidiano dos moradores, das lideranças, observar as correlações de forças;
 Postura arrogante;
 Só vai confirmar o que já havia estabelecido previamente na mente e não assume uma postura de investigação, de compreender os fenômenos. Não compreende o campo como possibilidade de criação, interpretação e descoberta, pois, parte de um conhecimento fechado, predeterminado. Para isso não há necessidade de investigar a Questão Social.
 Respeito pelo dado empírico;
 Mito da técnica: a técnica resolve e explica todas as questões. O foco é na análise teórico-metodológica;
 Necessidade de planejar a programação do trabalho no campo para não cair no imprevistos e generalizações.
 Postura Ética


As exigências éticas da pesquisa:

 Pesquisa envolve os seres humanos, por isso, além das exigências científicas deve cumprir as exigências éticas de toda profissão (Código de Ética Profissional);

 Também deve atender as exigências especificadas na Resolução 196 do Conselho Nacional de Saúde. Assim o pesquisador deve considerar as Diretrizes dessa Resolução;

 Diz a Resolução que: o projeto de pesquisa deve ser apreciado por um Comitê de Pesquisa autônomo, criado nas instituições para esse fim.

 “Defender os interesses dos sujeitos de pesquisa em sua integridade e dignidade e contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões éticos” (Resolução 196, item II, 14).
 De acordo com Resolução, a eticidade da pesquisa implica em:
1- AUTONOMIA: consentimento livre e esclarecido dos individuos/sujeitos e a proteção à grupos vulnerabilizados e/ou legalmente incapazes, de modo a serem tratados com dignidade e respeitados em sua dignidade;

 2- BENEFICÊNCIA: ponderação entre os riscos e beneficios, tanto atuais quanto como potenciais, individuais e o mínimo de danos e riscos;

 3- NÃO-MALEFICÊNCIA: garantir que danos previsíveis serão evitados;

 4- JUSTÇA e EQUIDADE: fundar-se na relevância social da pesquisa.

 Os pesquisadores devem encaminhar previamente seu projeto de pesquisa às instituições, comunidades, sujeitos de pesquisa para apreciação por parte do Comitê da instituição ou pessoas autorizadas por essa liberação.

 Respeito na relação pesquisador e sujeitos da pesquisa;
 Respeito pelas manifestações dos envolvidos na pesquisa/comunidade;
 Respeito pelo dado empírico e pela análise de conteúdo;
 Aproximações graduais até conquistar a confiança (recíproca);
 Apresentação da proposta de investigação (esclarecimentos e consentimentos/aprovações);
 Relação de troca;
 Busca do conhecimento faz parte de uma ação cooperativa (não paternalista e isolada);
 Dar devolutiva/retorno dos achados/resultados a fim de viabilizar ações e outros futuros estudos;
 Propiciar ambiente para investigação e não fechar espaços de aprendizagem profissional do assistente social.

CONSOLIDAÇÃO DO TRABALHO DE CAMPO:

 Relevância do trabalho de campo: análise e interpretação;

 Construção de categoria teóricas para interpretação críticas (método de análise);

 Respeito à relação entre fundamentação teórica do objeto e o campo pesquisado. Pois, a compreensão do campo não se resolve apenas por meio do domínio técnico. É indispensável uma base teórica para olhar os dados dentro de uma quadro de referências que nos permite ir além do que simplesmente está sendo mostrado;

 É a captação/apreensão da realidade;

 A pesquisa não se restringe a à utilização de instrumentos apurados de coleta de informações para dar conta dos objetivos. Para além dos dados acumulados, o trabalho de campo nos leva a reformulações dos caminhos para novas descobertas e criações;

 Proporciona mediações entre a análise e a produção de informações. Elos fundamentos na revelação da passagem do abstrato ao concreto (concreto pensado): síntese das multiplas determinações;

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