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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Consequências do Narguilé




Narguilé é um cachimbo de água utilizado para fumar. Além desse nome, de origem árabe, também é chamado de hookah (na Índia e outros países que falam inglês), shisha ou goza (nos países do norte da África), narguilê, narguila, nakla, maguila, arguile, naguilé etc. Há diferenças regionais no formato e no funcionamento, mas o princípio comum é o fato de a fumaça passar pela água antes de chegar ao fumante. É tradicionalmente utilizado em muitos países do mundo, em especial no Norte da África, Oriente Médio e Sul da Ásia.

A Origem do Narguilé

O Narguilé tem origem no Oriente. Uma das versões é a de que o narguilé teria sido inventado na Índia do século XVII, pelo médico Hakim Abul Fath, como um método para retirar as impurezas da fumaça. Quando chegou à China, passou a ser utilizado para fumar o ópio, e assim permaneceu até a revolução comunista, no fim da década de 1940. Na mão dos árabes, o cachimbo de água foi rapidamente incorporado para ser apreciado em grupo, acompanhado de café e prosa. Existem evidências históricas de narguilés na Pérsia e na Mesopotâmia. As peças mais primitivas eram feitas com madeira e um coco que fazia o lugar do corpo (o nome origina-se do persa nārgil, que significa "coco").[1] Com o desenvolvimento das civilizações e as expansões territoriais (principalmente dos países europeus), o narguilé, já similar ao que conhecemos hoje (com base de cerâmica ou porcelana e corpo de metal), começou a ser divulgado, e trazido junto com especiarias como cravo e canela.[carece de fontes?]
As cruzadas também auxiliaram a espalhar o narguilé pelo mundo, quando os guerreiros sobreviventes traziam-no para seus países.[2] No Brasil, o narguilé foi trazido por alguns imigrantes europeus, e divulgado pelas colônias turca, libanesa e judaica.

Mas cientístas comprovaram que o narguilé, causa mais danos do que o cigarro, ou seja, cada vez que aspiram o aroma, vai compometendo o pulmão, por causa do contato do carvão. É comum os adolescente estarem ingerindo a fumaça do narguilé, para eles é um hobbie.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A História da Arte

NEOCLASSICISMO

CONTEXTO HISTÓRICO

O Neoclassicismo é uma corrente artística gerada no contexto das transformações surgidas no séc. XVII, e até meados do séc. XIX. Acompanha o final da Idade Moderna e o início da Época Contemporânea.
A filosofia Iluminista, racional, humanista e progressista, defendia o progresso moral e material das nações, com base no desenvolvimento da ciência e da técnica e na educação dos povos. Os filósofos Iluministas desejavam reformar as sociedades e exercer uma intervenção cultural, social e politica.
O retorno ao mundo clássico, era uma atitude historicista, entendido como uma expressão de cópia e fiel reprodução.
Trata-se de uma recriação orientada pela razão e fundamentada no conhecimento científico, de modo a construir uma Arte Ideal.
O Neoclassicismo procura respeitar os seus princípios:
No campo técnico-formal, procurou o virtuosismo e a beleza idealizada com enorme rigor;
No campo temático, fazendo que o Belo, se aproxima-se da Arte Ideal.
Estas características fizeram do Neoclassicismo a arte ideal para transmitir com o seu sentido superior de obediência às regras, os conteúdos ideológicos racionais e moralizantes do Iluminismo. Por isso, o Neoclassicismo foi a arte da Revolução, em França.

ARQUITECTURA NEOCLÁSSICA

A Arquitectura Neoclássica foi produto da reacção antibarroco e anti-rococó, no século XVIII
Na Arquitectura Neoclássica, os aspectos técnicos foram dominantes, dando origem a uma pesquisa e experimentação rigorosa.
Inspirada nos elevados cânones estruturais, formais e estéticos da arte clássica, a arquitectura neoclássica apresenta as seguintes características gerais:
Usou-se materiais, como a pedra, o mármore, o granito, as madeiras… sem rejeitar os modernos, o ladrilho cerâmico e o ferro fundido;
Usou processos técnicos avançados, preferindo os sistemas construtivos simples (o trilítico);
Nas plantas utilizou-se formas regulares, geométricas e simétricas;
Das plantas erguiam-se volumes corpóreos, maciços, que evidenciavam a simplicidade e a pureza formais e estruturais;
Como cobertura usou-se as abóbadas de berço, as cúpulas, estas cobriam os grandes salões;
À estrutura arquitectónica era aplicada a gramática formal clássica: ordens arquitectónicas; Frontões Triangulares, uma Decoração Simples; uma Monumentalidade de escala; uma Planimetria das Fachadas; uma geometria rigorosa das plantas e uma acentuação do corpo central da fachada.
Na decoração recorreu-se à pintura mural e ao relevo em estuque. A decoração foi contida e austera, tratava-se de uma decoração fundamentalmente estrutural. Nos espaços interiores singravam a organização.  

PINTURA NEOCLÁSSICA

A Pintura Neoclássica emergiu em finais do séc. XVIII até meados do séc. XIX. Esta pintura surgiu pela razão e procurou o ideal clássico de beleza.
Os pintores neoclássicos adoptaram formas racionais onde a austeridade, a simplicidade e o geometrismo foram as notas mais dominantes.    
Os temas representados era de: assuntos históricos, alegóricos, mitológicos, heróicos e o retrato.
As características desta pintura definem-se pela composição geometria, desenho rigoroso e linear, perfeccionismo técnico e pelo tratamento muito elaborado, da luz e do claro/escuro. Exprime, também, a predominância da linha, do contorno e do volume sobre a cor.
As cores são sóbrias e o tom geral é frio e sem variação cromática.
A estética é naturalista, imitando a vida e a natureza, é também definida pela idealização da realidade, pela adaptação e repetição de “modelos absolutos e perfeitos”.
Assim foi criado um conjunto de regras teóricas básicas para a Pintura Neoclássica, que mais tarde, rejeitadas pelos Românticos.

ESCULTURA NEOCLÁSSICA

A Escultura Neoclássica baseia-se na arte clássica sobretudo no período helenístico.
Os temas desta época eram, históricos; literários; mitológicos; e alegóricos.
Serviam-se de base para representar e retratar homens e mulheres com roupagens e poses semelhantes às dos clássicos.
Eram belas estátuas de corpos inteiros ou simples bustos e de relevos.
A estatuária representou também o papel de glorificação e publicidade de políticos e de pessoas públicas, pois colocada sobre pedestais, foram espalhadas pelas praças públicas das cidades e pelos seus cemitérios.
A escultura neoclássica copiou as formas de representação dos modelos clássicos com:
Fidelidade; Minúcia; Perfeição e Sentido Estético.
Os corpos eram nus ou semi-nus, de formas reais, serenas composições simples, mas inexpressivos e impessoais.
Tecnicamente, são obras perfeitamente conseguidas, desde a concepção até ao acabamento rigoroso. Os relevos são de pouca profundidade.
O material principal era o mármore branco (mostrando pureza, limpidez e brilho) e em menor quantidade o bronze, ficando de fora a madeira.


NEOCLASSICISMO EM PORTUGAL

A reconstrução de Lisboa, após o terramoto de 1755, deu origem à formação do estilo Pombalino, que, em grande parte por razões pragmáticas, integrou princípios inerentes à arte neoclássica. Porque era preciso construir rápido e de forma económica e também porque a tradição da arquitectura lisboeta era impregnada pelos modelos clássicos maneiristas. O plano de reconstrução e os projectos-tipo apresentam uma síntese baseada na simplicidade, na simetria, e na repetição modular. Esta arquitectura ia ao encontro da estética do Neoclassicismo, principalmente no campo das tipologias civis.
Um novo impulso foi dado pelo trabalho dos arquitectos italianos na capital, que introduziram o gosto clássico e a sobriedade nas fachadas. José da Costa foi para Roma com o objectivo de procurar inspiração para projectar o Teatro de S. Carlos. Mas só depois da construção do Palácio da Ajuda, a partir do projecto final do italiano Fabri e de Silva se introduziu finalmente o Neoclacissimo em Portugal.
No Porto, os exemplos pioneiros são mais escassos mas não deixam de ser significativos. Ficaram a dever-se às relações com a Inglaterra através da comunidade britânica aí residente e ligada ao comércio do vinho do Porto. Os primeiros edifícios neoclássicos portuenses são projectos de arquitectos e artistas ingleses, com o hospital de Santo António e a Feitoria Inglesa, e apresentam características comuns ao Neopaladianismo. A influência bem como a extensão do estilo Pombalino originaram, no norte, obras como a Academia da Marinha, projectada por Carlos Amarante, e o Palácio das Carrancas, actualmente o Museu Soares dos Reis.
No contexto das belas-artes, a Pintura e a Escultura caracterizam-se pela influência romana, devido à ida de artistas portugueses para Roma, à existência de mestres estrangeiros em Portugal e à divulgação dos tratados clássicos. Destacam-se nomes como os pintores Vieira Portuense e Domingos António de Sequeira e os escultores Machado de Castro e Joaquim José de Aguiar.
Os temas alegóricos, mitológicos e históricos e o retrato foram os mais divulgados. As obras do Palácio da Ajuda tornaram-se uma escola da arte neoclássica, que teve continuidade com o ensino na Academia de Belas-Artes e através da prática do Academismo.







ROMANTISMO

ARQUITECTURA ROMÂNTICA

Impressionado pelos valores do Sentimento, que opunha aos da Razão, o Romantismo rejeitou as frias regras da arquitectura neoclássica e os princípios da ordem, da proporção, da simetria e da harmonia que a caracterizaram. Preferiu princípios mais relativos ao espírito e à mentalidade romântica, como a irregularidade da estrutura espacial e volumétrica, o sentido orgânico das formas, os efeitos de luz, o movimento dos planos, o colorido da decoração, enfim, características que provocassem o encantamento, estimulassem a imaginação e os sentidos, convidassem ao sonho, evocando realidades diferentes, distantes ou imaginárias. Assim, deus menos importância aos aspectos técnicos que, no geral, seguiram as tendências e progressos da época.
Houve a tendência para os estilos do passado histórico – os historicismos. A Idade Média foi a época da eleição do primeiro estilo histórico, o Neogótico. Após este, seguiram-se o Neo-Romântico, o Neo-Renascentista, o Neobizantino e até o Neobarroco, estas correntes alimentaram a imaginação e a melancolia românticas do Romantismo.
A partir de meados de Oitocentos assistiu-se a um verdadeira “Carnaval de estilos”, isto acabou por criar o ecletismo, isto é, o hábito de projectar edifícios onde se combinavam vários formulários estilísticos.
O próprio estilo Romântico, irrequieto, insatisfeito e sonhador, ateou o gosto pelas culturas exóticas, conduzindo assim ao exotismo que foi também, uma das constantes do séc. XIX.

PINTURA ROMÂNTICA

Entre 1820 e1850, a pintura foi a manifestação artística de maior abundância que iria contribuir para um novo entendimento da arte e da renovação pictórica da época.
A temática romântica baseou-se:
● na literatura do passado e do presente, em particular nos romances medievais de cavalaria, nos autores clássicos, ou nos pré-renascentistas;
● em acontecimentos trágicos, heróicos ou épicos da realidade, tais como naufrágios ou lutas de libertação de minorias;
● na mitologia do sonho e do onírico, povoado por monstros imaginários e visões do subconsciente;
● na natureza protagonizada por lutas entre animais selvagens e pela paisagem, marcada por um certo dramatismo naturalista, iniciando assim as cenas “ao ar livre”;
● nos conteúdos exóticos, com cenas do Oriente ou do Norte de África;
● e no retrato psicológico de mulheres e homens comuns, de personalidade e de loucos.
Assim, na sua expressão prevaleceu a cor sobre o desenho linear., utilizou fortes contrastes cromáticos e não harmónicos, assim como intensos efeitos de claro-escuro. A pincelada larga, fluida, vigorosa e espontânea define os volumes.
A luz foi, frequentemente, focalizada para o assunto que se queria evidenciar, e serviu também, por vezes, de elemento unificados dos vários componentes do quadro.
A figura humana, audaciosamente apresentada, revela atitudes contrastadas que reforçaram o dramatismo e o movimento.

ESCULTURA ROMÂNTICA

Para satisfazer o espírito romântico, a escultura teve de encontrar os meios técnicos e formais para exaltar os sentimentos e as emoções, ganhando expressividade e dinamismo.
A temática, vibrante e dramática, exaltava o sentimento ou a imaginação, e consequentemente inspirou-se:
● Na natureza (animais e plantas);
● Em temas heróicos, baseados na Historio, na lenda ou na literatura que representaram em estátuas, em relevos evocativos ou em restaures de esculturas medievais das catedrais românticas e góticas;
● Em cenas fantasistas ou alegóricas, retiradas da imaginação.
As regras da representação e de perfeição formal do Neoclássico não foram totalmente seguidas e por isso, evitaram-se as composições estáticas e as superfícies lisas e procurou-se a expressividade exaltada de sentimentos e emoções, com movimento e o dramatismo, demonstrando um certo sentimento teatral.
O mármore, continuou a ser o material predilecto mas, aos poucos vai emparceirar com o bronze, a madeira e outros. Alguns dos escultores românticos franceses mais significativos foram:
AugustePréault, François Rude, Antoine-Louis Barye, Jean-Baptiste Carpeaux e Frédéric-Auguste Barholdi.

NATURALISMO E REALISMO


PINTURA NATURALISTA

A pintura naturalista tomou com grande minúcia a realidade objectiva e a natureza. Reagiu contra o Romantismo e contra o academismo, propondo uma arte que representasse a vida moderna. As técnicas utilizadas eram fiéis à realidade, mas mais ligeiras e mais leves, recusando as tais regras do academismo.
A pintura naturalista interessou-se pela natureza concreta fora dos ateliers, pelo gosto dos tipos humanos e por cenas do dia-a-dia. Teve nas suas raízes a Escola de Barbizon e o Realismo.
A temática naturalista reparte-se pelas paisagens, sendo as marinhas e as cenas bucólicas as mais representadas pelos ambientes populares ou burgueses, e pelos retratos com algum sentimentalismo, embora despojados de qualquer compromisso ideológico.
Os pintores deste movimento tentaram imitar a natureza objectiva, tendo sido muito influenciados pela fotografia que muitas vezes utilizaram como meio auxiliar. De facto, a arte procurava registar a natureza tal como o fazia a máquina fotográfica. Também tiveram um particular interesse pelos valores atmosféricos, e pelos efeitos de luz.

PINTURA REALISTA

O Realismo é a reacção contra o Romantismo, é a anatomia do carácter, é a arte que nos pinta com os nossos próprios olhos para que vejamos se somos verdadeiros ou falsos, e de forma a condenar o que há de mau na sociedade.
A pintura do Realismo é uma arte com fins sociais, pois o artista deverá comprometer-se com as grandes causas humanitárias, deveria denunciar as contradições e injustiças da sociedade na sua obra.
A pintura Realista esteve inteiramente ligada às ideias positivistas e democratas da época, assim como a acontecimentos sociais e políticos, e a progressos científicos nas mais diversas áreas. No entanto, não era uma arte baseada na cópia fiel da realidade, pois continham um carácter de intervenção social, e um grande passo para o Realismo ficou marcado pela apelidada “Escola de Barbizon”.
Todos estes jovens, eram pintores de retratos e de paisagens, mas também todos estavam interessados em tornar a pintura mais real e mais verdadeira. A sua arte era, então, ditada pela natureza e não constituída nos ateliers.
Os temas sociais do mundo urbano e rural eram abordados com grande evidência e a gravura torna-se um meio privilegiado de divulgação das cenas e tipos sociais. O artista procura então denunciar as realidades cruéis da sociedade, e apresentar a natureza tal como ela se manifesta e não como ela é pensada.
Á estética naturalista fica a dever-se a abertura de novos caminhos para a discussão sobre os fins e a autonomia da arte.

ESCOLA DE BARBIZON

Nome dado à pintura executada por um grupo variado de autores que, fugindo ao rigoroso academismo das cidades, se refugiou na aldeia de Barbizon.
Executaram uma pintura da Natureza, pela natureza captada com fidelidade à realidade visual, inovadora na atenção dada às texturas e às ambientais atmosféricas e nas perspectivas usadas.




PINTURA NATURALISTA EM PORTUGAL

O Naturalismo em Portugal foi como que a persistência do mesmo, pois, enquanto os nossos camaradas europeus já se tinham despojado deste movimento, e gozavam do Impressionismo, ou do Realismo, o Naturalismo continuou durante mais algum tempo a dominar o gosto português.
O Naturalismo, ao contrário do Realismo de carácter interveniente na sociedade, não é detentor de nenhuma componente revolucionária.
Os introdutores do Naturalismo em Portugal foram, essencialmente, António Carvalho de Silva Porto e José Marques da Silva Oliveira.
Estes dois fabulosos pintores estiveram temporariamente em França, onde tiveram a oportunidade de conviver e entrar em contacto com alguns pintores impressionistas e da escola de Barbizon.
Silva Porto e Silva Oliveira apresentavam nas suas obras o culto da natureza, e faziam a apostologia do verdadeiro naturalismo pois, ao invés de copiarem apenas a realidade, copiavam de facto os temas naturais, mas depois completavam as obras nos seus ateliers conforme o seu gosto e a sua sensibilidade.
Na sua continuidade aparecem-nos pintores como José Malhoa, Henrique Pousão, José Júlio Sousa Pinto, Aurélia de Sousa, Columbano, António Ramalho, etc.
As pinturas naturalistas apresentavam, no geral, graduações tonais em cores primárias e as paisagens, eram na sua maioria campesinas e com marcação de volumes. Era uma pintura livre, cheia de transparências. Por vezes, a pobreza era escondida nas telas de modo a valorizarem mais o pormenor, a mensagem e a profusa luminosidade. Os retratos quando representados eram subtis.

ESCULTURA NATURALISTA EM PORTUGAL

Apenas no final do século se notou presença de alguns autores contemporâneos tal como Soares dos Reis (1847-89). Esta, foi a figura mais notável, tendo estudado em Paris e em Itália.
É caracterizado por uma grande sensibilidade poética, bem mais própria do Romantismo do que do Naturalismo, capaz de fixar no mármore, fielmente, a atmosfera, os sentimentos, os homens, mulheres e crianças tal como ele os sentiu, chegando a espelhar neles os seus problemas humanistas, estéticos e psicológicos.
Todas as obras denotam influências classicizantes na composição, forte modelação com jogos de luz e sombra, subtileza no movimento, grande poder expressivo, tratamento naturalista e minucioso das roupagens, e um virtuosismo técnico ímpar.






















IMPRESSIONISMO

 a) TEMAS

A pintura impressionista esteve inteiramente ligada à vida citadina moderna, e às impressões sensoriais dos seus autores. Assim, praticaram um repertório constituído por paisagens, por figuras humanas e lazeres citadinos, e o mesmo interesse pela dura realidade, parcial e sensível, que é a luz dos efeitos sobre a natureza, as pessoas e os objectos.

b) INFLUÊNCIAS

Contributos notáveis para uma nova representação foram: a fotografia, que introduziu na pintura novas perspectivas como a vista aérea; as estampas japonesas que levaram o pintor a uma execução menos precisa, devido ao seu linearismo e modelação sem volumetria; às descobertas científicas no campo da óptica, da percepção e da cor, pondo em prática os estudos efectuados por Chevrreul, Maxwell e Young; e às descobertas técnicas como a invenção das cores em tubo, permitindo alterações nas aplicações directas das mesmas.

c) TÉCNICA

A pintura impressionista capta o instante humano, fugaz e fugidio, em constante mutação, e por isso é fluida e aérea.
Tecnicamente é caracterizada pela:
● Justaposição, na tela, de pinceladas pequenas, nervosas, em forma de vírgula ou interrompidas, executadas com grande rapidez;
● Utilização radical de cores puras, fortes e vibrantes, retiradas directamente dos tubos.
Estas eram aplicadas de acordo com as leis das complementares, onde a fusão dos tons era nos olhos do espectador.
Esta técnica veio permitir a captação dos efeitos da luz do sol e da sua atmosfera, permitindo a dissolução da forma, da superfície e do volume do objecto, fazendo desaparecer quase por completo, a corporeidade do mesmo, pondo em evidência os jogos crus e frios da luz e das iluminações que nos livraram das velhas noções de claro escuro.

d) REVOLUÇÃO IMPRESSIONISTA

A revolução impressionista teve a sua génese num grupo de jovens pintores que se reuniam no café Guerbois a fim de discutiram e dialogarem sobre as suas atitudes e incertezas em relação à pintura
Essas atitudes reflectiram:
● Por um lado o clima político e social, onde a alta burguesia e o capitalismo se desenvolveram e se mantiveram no poder;
● Por outro lado, a oposição ao Romantismo, ao academismo com todos os seus cânones, e ao intelectualismo social do Realismo.
Contudo, este grupo apelidado de Impressionistas, não constituiu um movimento na verdadeira ascensão da palavra. As suas pinturas eram uma reflexão da personalidade de cada um deles, era por isso heterogénea.

e) A FOTOGRAFIA COMO ANTECEDENTE DO IMPRESSIONISMO

A descoberta da fotografia contribui para definir as relações entre a arte e o mundo das percepções ópticas. A fotografia mostrava aos artistas pela primeira vez a objectivação da realidade. A Pintura influenciada pela fotografia, libertava-se do seu procedimento tradicional de representar a natureza como uma cópia fiel.
A fotografia tinha modificado a óptica dos artistas, sobretudo a sua compreensão dos jogos de luz. Desde o seu aparecimento complexificou também o problema da representação da realidade.


NEO-IMPRESSIONISMO

Após 1886, quase nenhum autor pintava sob os efeitos do Impressionismo, exceptuando Monet.
O Neo-Impressionismo, o divisionismo, foi criado por Seurat e consistiu na evolução do Impressionismo no sentido do rigor, utilizando a cor de uma forma sistematizada.
A cor era intuitiva, a técnica utilizada consistia numa mistura óptica designada por pontilhismo, no qual justapunha pequenas manchas de cor pura – pontos – que se deveriam misturar com certa distância na visão do observador. As dimensões dessas manchas coloridas dependiam do tamanho do quadro e baseava-se na lei das complementares.
O mais importante nas obras eram as leis universais e eternas da harmonia – o ritmo, a simetria e o contraste.
Os temas são os da vida citadina, das paisagens marítimas e das diversões, tratados em grandes telas, executados no atelier a partir de estudos de ar livre.
Os maiores pintores desta época foram:
George Seurat – o grande impulsionador desta corrente artística. As suas obras tinham uma composição da cor de forma sistemática, decomposição prismática das cores e sua mistura óptica, efeitos dos contrastes simultâneos e complementares;
Paul Signac – discípulo e continuador de Seurat, aplicou estes princípios em composições decorativas, de uma forma mais livre;
Pissarro – conhecido como impressionista, fez algumas incursões no Neo-Impressionismo, abandonando-o, de seguida, por achar muito inibidor.


PÓS-IMPRESSIONISMO

O Pós-Impressionismo designa-se por um grupo de artistas e de movimentos diversos onde se seguiram as suas tendências para encontrar novos caminhos para a pintura. Estes, acentuaram a pintura nos seus valores específicos – a cor e bidimensionalidade. Teve a sua origem no Impressionismo mas surge contra ele devido à sua superficialidade ilusionística da análise à realidade.
Os pintores mais consagrados desta época foram:
Van Gogh – Este pintor possui um estilo peculiar, fruto de uma rápida evolução, que partiu de um realismo expressionista. A sua obra é marcadamente expressiva pelas formas sinuosas, onduladas e flamejantes; pelo desenho anguloso e violento; pelas cores contrastadas; e por uma técnica na qual sobressaem as pinceladas onduladas, paralelas e pontilhadas que reforçam as formas básicas. Foi o pintor da vida, da genialidade, e da loucura. Personificou a Natureza, atribuindo-lhe estados de alma visíveis nas suas obras;
Paul Cézanne – Pretendeu apreender a Natureza como um todo e não apenas o instante, o momento. Na sua pintura, associou a luz impressionista ao rigor da forma e do volume. A técnica utilizada baseava-se na cor, aplicada com pinceladas orientadas na justa e correcta posição, adaptando e corrigindo a Natureza. A prática da aguarela também permitiu aperfeiçoar a técnica pictórica, sobretudo das paisagens. Fala da arte como teoria desenvolvida e aplicada em contacto com a natureza. Encarava a pintura como se ela fosse formada por cilindros, esferas, cones, tudo tratado em perspectiva de modo que cada lado do objecto se dirigisse para um ponto central.
Paul Gauguin – Este pintor construiu uma arte pessoal onde se notam as influências da estampa japonesa nas formas planas e simplificadas e no modo com as fecha com uma linha a negro. Foi o pintor da evasão, da recusa da vida moderna e a sua pintura caracteriza-se por: uma natureza alegórica, decorativa e sugestiva; formas bidimensionais, estilizadas, sintéticas e estáticas circundadas por uma linha a negro; e cores anti naturalistas, simbólicas, alegóricas, e exóticas. Para Gauguin a pintura não é a cópia da realidade, mas sim a sua transposição mágica, imaginativa e alegórica.






A EVOLUÇÃO DA ARQUITECTURA

ARQUITECTURA DO FERRO E DO VIDRO

A industrialização colocou ao dispor novos materiais e novas tecnologias. Desde o século XVIII que o ferro começou a ser produzido industrialmente, e este, juntamente com o vidro, permitia a formação de grandes superfícies iluminadas e amplas.
O sistema pré-fabricado tornava a construção mais rápida e mais económica. Mais tarde, com o aparecimento de novos materiais, como o betão armado, e novas tecnologias surgiu também novas metodologias construtivas.
Foram os engenheiros que preferiram os novos materiais e lhes deram uma expressão estética e sentido artístico. De facto destes eram possuidores de uma maior preparação científico-técnica que lhes permitiu utilizar todas as potencialidades da época: a aplicação de saberes científicos, a utilização dos novos equipamentos e novos meios construtivos, e o aproveitamento dos novos materiais com o vidro e o ferro, e posteriormente, o betão armado e o cimento.
A resistência e a funcionalidade nas pontes comprovadas nas pontes fizeram pensar na utilização do ferro para a estrutura de grandes cúpulas e outras coberturas arrojadas.
Em termos de arquitectura estas construções em ferro e vidro traduziram duas tendências:
● A necessidade de modernizar os sistemas e processos construtivos;
● E a que promoveu o desenvolvimento de novos gostos e outros conceitos estéticos.



ARTS AND CRAFTS

Foi contra os revivalismos formalistas e a imitação de modelos históricos pela produção artesanal que surgiu este movimento. Propunha-se lutar contra o falso e fazer uma renovação qualitativa do artesanato. Os pioneiros deste movimento foram sobretudo John Ruskin e William Morris. Ruskin fundou um atelier de produção artesanal, que se tornou o embrião do Arts And Crafts. William Morris juntamente com um grupo de pintores fundou uma empresa que se dedicava sobretudo à produção de tecidos estampados e de papéis pintados com temas exóticos a naturais.
Ruskin e Morris lutavam então por uma arte pura, assente na criação e na concepção individual, na originalidade e no bom gosto, cujos princípios gerais se deviam aplicar a todas as modalidades artísticas, sem distinção alguma. Para isso, os artistas deviam rejeitar os processos industriais e seus materiais, regressando ao processo criativo das corporações medievais, ao uso exclusivo de materiais naturais e ao fabrico de peças únicas e originais, pelo método artesanal.

ARTE NOVA

A Arte Nova designa uma expressão controversa que abarcou diferentes cunhos individuais, diferentes escolas regionais e nacionais e diferentes designações sob alguns princípios unificadores:
● A inovação formal, numa forte atitude de originalidade e de criatividade, mas também a rejeição dos estilos académicos, históricos e revivalistas da sua época. As novas formas inspiram-se agora na natureza com preferência de texturas orgânicas, movimentos sinuosos e formas sintetizadas e geometrizadas;
● O segundo foi a adesão ao progresso do seu tempo pela integração e recurso às novas técnicas e aos novos materiais.
● Por último, a adopção de uma nova estética, que se expressava sugestivamente através da linha sinuosa e flexível, estilizada ou geometrizada, na procura do movimento, do ritmo, da expressão.
Esta arte recolheu influências formais e estéticas do Gótico, do Rococó, das pinturas japonesas e do folclore tradicional inglês, de inspiração celta.  Exprimindo a modernidade, esta arte atingiu tal popularidade que cedo se transforma numa moda que aplicou a sua estética a todas as modalidades artísticas – a arquitectura, a pintura, a escultura, às artes aplicadas, às artes gráficas, à dança e ao bailado.




MODERNISMO

A arquitectura modernista conseguiu implantar o primeiro estilo verdadeiramente inovador do séc. XIX, conjugando as conquistas técnicas e construtivas da engenharia com as exigências formais e estéticas da arquitectura.
● A nível técnico – homologou os materiais como o betão, o betão armado, o vidro, o ferro e o aço, usando-os como materiais estruturais e de acabamento.
● A nível formal, partiu de plantas livres, onde as dependências se distribuíram orgânica e funcionalmente, em continuidade; e favoreceu os volumes irregulares e assimétricos e as superfícies sinuosas e movimentadas, com fachadas onde o vidro ganhava cada vez maior superfície.
● A nível estético, procurou o império da ornamentação. Com efeito, o ornamento torna-se exuberante em quantidade; volumétrico ou bidimensional, estilizado ou geometrizado no desenho; sinuoso, movimentada e expressivo na linguagem plástica; imaginativo, naturalista, orgânico, simbólico e poético nas temáticas, de modo a criar ambientes onde nenhum pormenor era descuidado.
A importância e o peso da decoração não impediram contudo que esta tivesse também um marcado cunho estruturalista. De um modo geral podemos afirmar duas tendências:
● A que, aplicando os novos materiais e os modernos sistemas construtivos, colocou a tónica na estética ornamental, floreal, naturalista e curvilínea;
● E a que segui uma vertente mais racional e foi sobretudo estrutural, geométrica e funcionalista.

AS PRIMEIRAS GRANDES TENDÊNCIAS DA PINTURA DO SÉC. XX

FAUVISMO

FAUVISMO

A origem deste movimento remonta a diversos ensinamentos e referências como Cézanne, Van Gogh, Gauguin e também da arte oriental.
Apensar de não constituir uma escola organizada, o Fauvismo pretendeu transmitir ao espectador emoções estéticas profundas através da exaltação das cores que delimitam e definem as formas planificadas, onde a ilusão da terceira dimensão se perder. Por isso, a perspectiva é rejeitada e os artistas sujeitam-se à bidimensionalidade da tela, respeitando o comprimento e a largura da mesma.
A expressão é dada pelas linhas e pelas cores, onde se ressaltam os efeitos contrastantes destas, pela pincelada directa e emotiva, pelo empastamento das tintas e, como consequência, pela ausência de modelado.
A temática não é relevante para os fauvistas e não tem qualquer conotação social, política ou outra, é apenas pretexto para transmitir alegrias ou tristezas.
Os artistas pertencentes, directa ou indirectamente a este movimento foram: Matisse, Derain, Vlaminck, Marquet, Mangin, Dufy, Van Dongen e Rouault.
















EXPRESSIONISMO

EXPRESSIONISMO – DIE BRÜCKE (A PONTE)

Nasceu como corrente de vanguarda com o objectivo de combater a arte do passado, condicionada pela tradução da realidade objectiva, renovando os seus fundamentos, rebelando-se contra a arte académica e contra o Impressionismo, assim como contra as consequências nefastas da era industrial.
Foram influenciados pelas formas e pelas cores de Van Gogh e Gauguin. Mas o linearismo dinâmico de Toulouse-Latrec foi outra influência nítida, à qual se juntou, ainda, a arte inquietante do norueguês Munch e a pintura macabra de Ensor
A nível da linguagem, foi figurativa, e a realidade era colocada como fonte de conhecimento e de inspiração, mas com o intuito de algo que se queria criticar, contestar ou destruir. As figuras expressavam os sentimentos humanos com vigor, dramatismo e até angústia. A sua estética foi patética e convulsiva, e consideraram que o desenho devia ser dado através da cor, numa manifestação espontânea, sem prévio delineamento. A cor foi então a substância rica utilizada com independência em relação ao objecto.
A expressão foi espontânea, temperamental, desenfreada e irreflectida, aparecendo como um esboço, tosco e inacabado, com espaços da tela por pintar. Isto, devido à procura de uma linguagem infantil e primitiva.

EXPRESSIONISMO – DER BLAUE REITER (O CAVALEIRO AZUL)

Neste movimento de cariz expressionista quiseram ver a Natureza e o Homem pretendendo construir um quadro a partir das experiências, dos sentimentos subjectivos e das sensações de cada um, mas com um sentido global. Queriam construir uma arte pessoa fundada na meditação que, tal como disse Kandinsky, nascesse da necessidade interior.
O grande objectivo a que se propunham era reunir nestas exposições A Grande Vanguarda da Arte Europeia. Artistas alemães, russos, franceses, italianos e outros, todos reunidos num só grupo, ultrapassando fronteiras e barreiras nacionais. Era o elemento artístico que deveria impor-se e não o vocabulário utilizado por cada um. De qualquer modo sofreram influências dos pintores franceses Cézanne e Matisse. Como pontos comuns ao grupo mais restrito destaca-se:
A dimensão lírica da cor, a sua claridade e foca luminosa, pura e límpida, podendo ser dura ou macia, quente ou fria, doce ou amarga;
O dinamismo da forma, sobretudo a sua capacidade de fascinar, a sua magia interna, a sua emoção;
A reconquista da pureza da natureza, com tendência emotiva e abstracta da superfície.
Destas características sobressai o aspecto decorativo e sugestivo da obra.

EXPRESSIONISMO – NOVA OBJECTIVIDADE

A Nova Objectividade tende a ultrapassar o subjectivismo expressionista e a utopia construtivista em nome de uma tomada de consciência da dramática realidade da pós-guerra.
É possível distinguir, no sei da Nova Objectividade, grupos de artistas como Otto Dix, George Grosz, Max Bechmann e R. Shlichter que desenvolveram um realismo fortemente comprometido que pôs a tónica na denúncia social. O seu estilo caracteriza-se pela tendência caricatural e por modos de construção da imagem sob influência dadaísta e com interesse pelos meios de comunicação de massa, os divertimentos populares e as condições de vida nas grandes cidades.
Os temas do desespero existencial e da não comunicação encontram-se em algumas obras.
No domínio da fotografia, a Nova Objectividade afastou-se das tendências picturais para sublinhar a especificidade desta técnica na captação das qualidades tácteis, luminosas e espaciais dos objectos, vistos através de um realismo objectivo.





CUBISMO

O Cubismo foi o movimento artístico, iniciado por Georges Braque e Pablo Picasso que constituiu a maior revolução artística realizada após o Renascimento. O seu nascimento oficial é comummente marcado pelo quadro de Picasso.
As duas grandes influências do Cubismo foram as obras de Cézanne, cuja arte se caracteriza pela análise das formas e dos planos construídos por meio da cor, e da arte africana, com as suas formas simplificadas, volumétricas e duras.
O Cubismo possui três grandes fases.

CUBISMO – FASE CEZANNIANA

Entre 1907 e 1909, estes dois autores, Braque e Picasso, desenvolveram, separadamente uma arte semelhante, marcada pelo análise de paisagens e objectos nos quais se fizeram sentir as reminiscências analíticas de Cézanne. Esta etapa da génese do Cubismo é apelidada de Fase Cezanniana. As pinturas deste período, constituídas por paisagens e casarios são definidas por grandes planos de cor.

CUBISMO – FASE ANALÍTICA

Entre 1909 e 1912 desenvolveu-se a Fase Analítica, definida pela visão simultânea e multifacetada dos vários aspectos do motivo observado, fazendo com que o objecto aparecesse na tela como que quebrado ou explodido.
O artista não representa do objecto apenas o que vê, mas também o que dele conhece, resultando numa representação muito complexa. As cores empregues são sóbrias, aparecendo o quadro quase monocromático, trabalhado em tonalidades de uma cor-base, quase sempre ocres, terras e cinzentos esverdeados.
Os temas mais comuns, nesta fase, foram as naturezas mortas com objectos do quotidiano, tais como garrafas, copos, instrumentos musicais, etc.
Em 1912 os artistas começaram a introduzir nas obras elemento estranhos à pintura como letras, bocados de jornal, embalagens de cigarros e de fósforos, bilhetes, etiquetas, areia, etc. Este elementos visavam estimular visualmente o espectador desfazendo a carga confusa da imagem, característica da fase analítica.
A pintura não visou a decoração ou a expressão, mas a realização. Esta fase das colagens deu-se na passagem do Cubismo Analítico para o Cubismo Sintético, a segunda fase deste movimento que tem como representante máximo Juan Gris.

CUBISMO – FASE SINTÉTICA

Foi a intelectualização imposta por Gris contrária à arte intuitiva de Picasso e de Braque. Os sólidos de Cézanne passam a ser ainda mais sintéticos e gradualmente substituídos por formas geométricas simples como o triângulo e o rectângulo.
O Cubismo transformou-se numa arte intelectualizada, com formas fornecidas pela razão e, como consequência, cada vez mais abstractas ligadas à mentalidade rigorosa e matemática dos seus autores.
A Partir das formas simplificadas surgiu a cor vibrante, em sobreposições e transparências de planos. A emoção volta a aparecer na pintura pela mão da cor, resultado da simplificação das formas, da redução dos planos e das linhas puras, extraindo tudo o que era acessório, inútil ou decorativo. Mantiveram, contudo, os temas do Cubismo Analítico: naturezas-mortas com objectos do quotidiano.









ABSTRACCIONISMO

O ABSTRACCIONISMO

No campo artístico o primeiro quartel do séc. XX ficou marcado pelo aparecimento da arte abstracta, iniciada primeiramente na pintura.
A sua formulação surge-nos como um ponto de chegada das grandes tendências que a arte europeia vinha percorrendo desde o Pós-Impressionismo. Essas tendências tinham caminhado no sentido de:
● Por um lado, afirmar a progressiva libertação da arte em relação à representação mimética na natureza assumindo a autonomia do quadro;
● Por outro lado, haviam provocado uma verdadeira revolução técnica e plástica, concretizada pela crescente simplificação formal da linguagem pictórica.
Entre as duas Grandes Guerras do séc. XX, o Abstraccionismo concretizou-se através de duas tendências:
● A do Abstraccionismo Lírico, criado por Kandinsky e derivado directamente do Expressionismo do Cavaleiro Azul;
● E a do Abstraccionismo Geométrico, directamente influenciado pelo Cubismo e pelo Futurismo.


O ABSTRACCIONISMO LÍRICO

O Abstraccionismo Lírico ou Expressivo inspirou-se na intuição, no instinto e no inconsciente, construindo uma arte imaginária ligada à emoção e “à necessidade interior”, e, como tal, aos conteúdos simbólicos e místicos a ela inerentes.
Este Abstraccionismo Expressivo viveu do jogo das formas orgânicas e da vibração da cor, da procura dos meios expressivos de onde sobressaem as linhas, as formas e as cores e seus respectivos significados, os quais substituem a representação dos objectos, fazendo com que esta arte procure a sua linguagem específica pela aproximação com a música, a arte não figurava por excelência.
Esta pintura possui um sentido filosófico, baseado na convicção de que uma grande mudança espiritual se estava a desenvolver no novo século com o abandono das doutrinas materialistas do final do séc. XIX.
Kandinsky foi o principal representante desta corrente.

O ABSTRACCIONISMO GEOMÉTRICO

No Abstraccionismo Geométrico está patente a racionalização que dependeu da análise intelectual e científica. Subdivide-se nas seguintes correntes:

a) SUPREMATISMO

O Suprematismo foi um movimento pictórico completamente novo, nascido na Rússia por volta de 1915-1916. O seu autor foi Casimir Malevitch. Este executou uma pintura que define pela supremacia absoluta da sensibilidade pura. Fundou-se na necessidade de animação do espaço pela forma. Assim, a preocupação fundamental no Suprematismo foi a realização plástica pura da noção de espaço, ou seja, a relação entra as formas e o espaço que as circunda.
O niilismo Russo contribuiu para o suprematismo na procura da verdade e da pureza plásticas. A verdade e a pureza que seriam, igualmente, procuradas num novo mundo através do aniquilamento e da negação do mundo presente.
A pintura suprematista caracteriza-se pela simplicidade das formas geométricas e pelo emprego de uma gama cromática restrita, constituída pelas cores primárias e secundárias, pelo branco e pelo preto.
A pureza, levada ao extremo, conduziu este pintor à redução cromática em composições como Quadrado Negro sobre Fundo Branco e Quadrado Branco sobre Fundo Preto. O branco simboliza o princípio e o negro o fim, dois pólos de não-cor opostos.



b) NEOPLASTICISMO

O Neoplasticismo foi um movimento artístico holandês que englobou as artes plásticas, a arquitectura, o design e a literatura. Nasceu por volta de 1917. Piet Mondrian, foi o pintor e teórico que levou o Neoplasticismo ao rigor que apresenta.
Este movimento teve como grande objectivo a “eliminação do trágico da vida”. Pretendeu atingir uma visão impessoal e objectivo, através de uma estética nova (neo) e universal. Procurou a perfeição e a verdade supremas, ultrapassando o mundo físico e emotivo, de modo a atingir o mundo mental.
Por isso, o Neoplasticismo contestou as artes do passado e do presente, em particular o Expressionismo, por veicularem os aspectos sensoriais e emotivos da vida. Os seus autores preconizaram uma arte pura, clara, objectivo, não ilusória e não representativa que utilizou a redução das formas a planos geométricos puros e ortogonais, em composições abstractas, onde se estabeleceram múltiplas relações espaciais. Utilizaram uma simbologia universal, um código com um número limitado de formas e de cores, mas pretendendo transmitir e configurar um número infinito de mensagens.
As formas são estáticas, quadradas e rectangulares, pintadas com as cores primárias, branco e cinzento, limitadas por linhas verticais e horizontais a negro, com diferentes espessuras.
Estas composições procuraram o equilíbrio, a harmonia e a serenidade do ângulo recto, sem recorrerem à simetria, mas organizadas dinâmica e ritmicamente.

MOVIMENTO DADA

DADAÍSMO

O Dadaísmo (Dada) teve o seu início em 1916, na cidade de Zurique, no chamado Cabaret Voltaire. Foi um movimento global que envolveu as artes plásticas, a literatura, o teatro, a fotografia, o cinema e a música propagando-se rapidamente por toda a Europa e pela América. Este grupo acolheu no seu seio autores de diferentes expressões.
Os seus processos aparentemente destrutivos serviram para recriar o caminho da arte, utilizando uma imaginação inventiva inesgotável, com recurso ao absurdo e ao incongruente, valorizando tudo o que era espontâneo, primitivo e inconsciente e negando a Razão. O dadaísta amou o absurdo.
As formas de expressão dadaísta utilizaram as dissonâncias e os ruídos espontâneos (música de ruídos), assim como a escrita automática (séries de sons em cadeiras associativas), que revolucionaram a poesia e a arte gráfica.
O dadaísmo utilizou técnicas plásticas novas como:
● O ready-made, usado por Marcel Duchamp, e que consistia no deslocamento de um objecto da sua função e do seu local próprios para um outro contexto, puramente estético;
● O object-trouvé (objecto encontrado), que é um elemento tridimensional, colado sobre a tela e combinado, por vezes, com colagem;
● O merzbilder – inventado por Kurt Schwitters, que é uma obra constituída por vários elementos dispares e casuais, extraídos do quotidiano e reunidos numa tela sobre a qual o artista interveio com a cor;
● As fotomontagens, que consistem em integrações de diferentes imagens autónomas numa só;
● Os rayographs (fotografia ou imagem) de Man Ray, que são fotografias executadas sem utilização da máquina fotográfica.
● e outras, reinventadas e combinadas como: a colagem de papéis e a sua montagem no plano com os objects trouvés que possuem relevo.










SURREALISMO

Em parte decorrente do Dadaísmo, o Surrealismo constituiu sobretudo um movimento de ideias que se estendeu a vários campos de actividade: a literatura, as artes plásticas, ao cinema, à fotografia, e à música. Em termos conceptuais, o Surrealismo surgiu à semelhança do movimento Dada, como reacção a cultura e à civilização ocidentais e a tudo o que elas invocassem ou representassem, em particular o racionalismo e o convencionalismo. A estes valores opuseram outros, como os da liberdade e da irracionalidade, através de obras que utilizaram o sonho, a metáfora, o inverosímil e o insólito, contribuindo, no seu entender, para a elevação do espírito, separando-o da matéria. Aplicou os ensinamentos de Freud e da psicanálise e este ligado às ideias de esquerda através das teorias de Marx.
É caracterizado pelo afastamento das normas e das convenções, sistematizando a transgressão de modo repetido.
Em termos estéticos baseou-se nas correntes do pensamento romântico e do Simbolismo do final do séc. XIX.
As obras deste movimento seriam executadas à margem da razão sem quaisquer moralismos e sem preocupações estéticas racionalizadas. A associação de ideias era feita sem a procura de sentido e desencadeada livremente, segundo três técnicas básicas que punham em prática o “automatismo psíquico”:
● Numa tratava-se de escrever e desenhar em estado semi-hipnótico, sob a influência do álcool, da fome, ou da droga, que provocam alucinações;
● Noutra, os discursos eram escritos ou ditados durante o sono ou eram relatos de sonhos;
● Outra, era constituída por jogos que consistiam em juntar escritas simultâneas de várias pessoas de modo a obterem efeitos desconcertantes e surpreendentes.
Plasticamente, aproveitaram e utilizaram os ensinamentos do Dadaísmo, assim como as suas técnicas: o desenho e a pintura automáticos e as técnicas clássicas de desenho e da gradação cromática. Estes processos técnico-artísticos estão presentes em associação com;
● A colagem, o frottage, a assemblage, o dripping e a decalcomania, como em Max Ernst;
● O desenho e a pintura automáticos, onde a correspondência entre inconsciente e acção se desenrola sem controlo da razão e pautada por um forte individualismo;
● As técnicas básicas, aplicadas a formas fantasmagóricas ou incongruentemente associadas;
Estas técnicas estiveram ao serviço de temáticas onde:
● O erotismo, o onírico e o sonho revelam as forças ocultas que visavam o “resgate e a libertação de uma série de tabus e de imposições vigentes no domínio da sexualidade”;
● O mundo da magia e de todas as forças alheias à racionalização do mundo ocidental, atacando o senso comum.

A PINTURA A PARTIR DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


AS SEGUNDAS VANGUARDAS (DÉCADAS DE 40 E 50)


LINGUAGEM ABSTRACTA


INFORMALISMO

O Informalismo, surgido nos anos 40 foi uma pintura que alterou radicalmente o processo de concepção e de criação pictórica, a qual se transformou numa só acção, reintroduzindo na arte o factor artesanal da sua elaboração. A arte deixou de representar aspectos simbólicos e/ou anedóticos e a técnica e o material assumem-se como parte essencial da concepção, subordinando os outros elementos formais, não negando a forma em si própria.
O artista manifesta a sua individualidade no tratamento do material escolhido centrando-se no acto criativo da experiência.



ARTE BRUTA

Nasceu na Suiça e tece como principal representante Jean Dubuffet. Este autor produziu uma pintura de grossos empastes com misturas muito diversificadas de materiais como cartão triturado, vidros moídos, limalhas metálicas, serrim, areia, fragmentos de madeira, pigmentos e aglutinantes para executar as suas célebres “bautes patês”.

ACTION PAINTING

Nascida nos EUA, foi a designação dada à pintura de Jackson Pollock, que assumiu o conceito surrealista de automatismo psíquico (relação directa entre o inconsciente e o gesto criativo) e o material pictórico como veículo do “conteúdo interior”. Por isso recorreu a processos que favoreceram o acaso, a acção, libertando-se da linguagem figurativa e utilizando o dripping como técnica. A sua pintura, de grande formato, foi concebida como verdadeiro ritual, cujo resultado visual é denso, cheiro de escorridos policromáticos que definem tramagens lineares complexas. Esta técnica é igualmente conhecida como all-over. Assim, o aspecto das obras de Pollock era muitas vezes caótico, pois não havia qualquer preocupação estética.

PINTURA MATÉRICA

É uma filiação do Informalismo que coloca a tónica na matéria, revelando uma pintura corpórea de características abstractas, que mistura materiais não pictóricos. Utilizou o grotagge e outras intervenções sobre suportes de grande riqueza textural. Os seus representantes mais figurativos foram: o catalão Antoni Tápies e o italiano Alberto Burri, autores participantes também na Arte Pobre – Arte Povera.

PINTURA ESPACIALISTA

É a componente herética da pintura informal, que se distingue pelo interesse em incorporar na tela a terceira dimensão, real ou ilusória. Em geral, é marcada por uma grande austeridade cromática, de sentido redutor, sendo a sua linguagem directa e concisa.
Os espacialistas abriram caminho às pesquisas dos anos 60, como a arte conceptual e minimalista tendo como representantes Burri e Lúcio Fontana.
As pinturas da primeira etapa da sua obra são chamadas Antropometrias realizadas com corpos de mulher despidos e besuntados de tinta. Depois, foram telas monocromáticas que utilizaram os rosas, o dourado e mais tarde o azul. Esta pintura foi designada “Novo Realismo”.

EXPRESSIONISMO ABSTRACTO

A pintura expressionista de tipo informalista surgiu nos EUA por volta de 1947, resultante da fusão do Surrealismo com o Abstraccionismo, utilizando uma linguagem figurativa e estabelecendo uma relação íntima com a raiz do informalismo.
Os artistas expressionistas abstractos foram marcadamente antropocentristas e individualistas, utilizando a pintura para dar “rédea solta” às suas emoções e estados de espírito – angústia, dor, raiva, etc.
Dos seus autores destacam-se: Arshile Gorky, Willem de Kooning e do grupo Cobra (surgido em 1949 e constituído por autores de Copenhaga, Bruxelas e Amesterdão, cujas iniciais deram o nome ao grupo) destaca-se Karel Appel.

OP ART

A Op Art define-se por obras dotadas de movimento real ou aparente. A sua grande diversidade artística advém-lhe, de três grandes tipologias constituídas por obras como: movimento real e produzido por motores ou por projecções luminosas; movimento simulado que produz efeitos ópticos. A estas obras atribui-se-lhes o nome específico de Optical Art, transformação por si próprio ou mediante manipulação do espectador.

LINGUAGEM FIGURATIVA

NOVAS FIGURAÇÕES

Desta tendência artística fez parte o Novo Realismo Francês que teve em Yves Klein o seu autor ais destacado. A sua etapa “realista2 foi constituída pelas Antropometrias (Pintura Espacialista).
O Novo Realismo caracterizou-se por tratar, sobretudo, os aspectos desagradáveis da estética de consumo, como a acumulação de detritos e outros elementos vulgares. Os autores pertencentes a este grupo executaram obras pictóricas e sobretudo escultóricas com claras referencias dadaístas.

POP ART

Nasceu por volta dos anos 50 em Nova Iorque e Londres. A sua temática esteve ligada à “cultura popular” constituída por imagens do quotidiano, retiradas da BD, das revistas e dos jornais, da fotografia, do cinema, e da televisão. São conhecidos os retratos, seriados ou não, de Marilyn Monroe, Jackie Kennedy, Liz Taylor e Elvis Presley.
Utilizou recursos técnicos mecânicos ou semimecânicos, como a fotografia e a serigrafia. O resultado plástico, devido à linguagem utilizada, possui uma certa impessoalidade e até frieza, pois ao contrário do Abstraccionismo, não tem marca pessoal do artista.
Esta pintura foi influenciada pelas recolhas dadaístas e surrealistas efectuadas por Robert Motherwell nos anos 50, pelos ready-made de Marcel Duchamp e pelas colagens de Kurt Shwitters. É de nota a descontextualização dos objectos em relação ao quotidiano.
Os artistas mais significativos foram: Robert Rauschenberg, Jasper Jones, Andy Warhol, Lichenstein, Tom Wesselmann, James Rosenquist etc.

LINGUAGEM INTERVENTIVA

HAPPENING

Esta forma de arte reflectiu influências do informalismo. A acção é aqui recuperada e entendida como uma atitude, não tendo a obra características perenes. As primeiras manifestações da arte como atitude estiveram ligadas às acções levadas a cabo pelo músico John Cage e pelo coreógrafo Cunningham, que constituíram verdadeiros happenings.
Esta forma artística era considerada como uma vivência que põe em relevo uma estreita ligação entre a Arte e a vida. Não é, apesar disso, uma representação teatral pois não tem um objectivo específico nem uma estruturação com princípio, meio e fim. Coloca, antes, o espectador e o seu autor numa atitude expectante e atenta a determinados factos, acontecimentos e vivências.
Assim, surgiram novos comportamentos artísticos nomeadamente ligados à sexualidade. O Happening pretendeu chegar a um público vasto, considerado espectador e participante na criação e desenvolvimento da acção e ao mesmo tempo combateu o mercantilismo artístico.
Os primeiros autores foram os japoneses do grupo GUTAI. Outro participante foi Joseph Beuys estando a sua actividade artística perfeitamente identificada com a sua vida e vice-versa.













AS ULTIMAS VANGUARDAS (DÉCADAS DE 60 E 70)


LINGUAGEM ABSTRACTA: A ABSTRACÇÃO PÓS-PICTÓRICA

Foi um movimento estritamente formal que apareceu na América, em meados dos anos 60, quando a Pop Art se encontrava em pleno auge. Tal como esta, é uma arte marcada por uma certa frieza expressiva com características impessoais. Aliás, esta impessoalidade e frieza são apanágio da maioria dos movimentos dos anos 60.
Constituiu uma arte estruturalista pois a estrutura ou a forma foram o seu único veículo de significação, não permitindo juízos de valor de carácter subjectivo. Foi uma pintura de tipo geométrico, caracterizada por se restringir em absoluto à bidimensionalidade da tela e aos seus limites. Os pintores mais significativos foram: Frank Stella, Ellsworth Kelly, Kenneth Noland e Jules Olitsky.


LINGUAGEM FIGURATIVA

HIPER-REALISMO

Foi uma corrente artística americana nascida no final dos anos 60 e que se prolongou pela década de 70. Abrangeu a pintura e a escultura e propôs uma visão fotográfica de aproximação à realidade, como forma de reacção às artes mais intelectualizadas das duas décadas anteriores. Utilizou o recurso à máquina fotográfica e às técnicas da fotografia como fonte de informação e registo da realidade; a meios mecânicos ou semimecânicos para transporte dessas imagens (projecção de diapositivos); e a telas fotossensíveis como suporte plástico, daí ter sido designado também como Foto-Realismo.
Constituiu uma expressão artística fria e impessoal, onde não estão patentes as acções ou emoções do artista. A pintura apresenta-se lisa e sem marcas de individualidade, parecendo fotografias de formato gigante. Chuck Close, Robert Cottingham, Don Eddy e John Salt foram vários representantes do Hiper-Realismo.

NOVO REALISMO EUROPEU

O Hiper-Realismo teve algumas repercussões na Europa, apesar de não serem muito significativas. Alguns autores utilizaram a máquina fotográfica e recorreram a fotografias como registo indispensável, mas utilizaram-no de modo diferente.
Assim, os artistas alemães do grupo COBRA construíram obras dotadas de grande imaginação. Este movimento teve como máximo representante López Garcia que executou obras com temáticas muito diferentes tais como naturezas-mortas, ruas e figuras humanas.
A temática foi sempre figurativa e girou à volta da figura humana, representada por vezes de modo fragmentado, metamorfoseado e distorcido em relação ao normal. Outra figura importante foi Francis Bacon na França, que utilizou uma técnica expressionista, constituída a partir de material fotográfico, e uma linguagem informalista aliada a cores, por vezes puras e aplicadas com uma pincelada activa, dinâmica e forte que não perseguia objectividade.













A LINGUAGEM INTERVENTIVA


ARTE CONCEPTUAL

Iniciada nos anos 60, valorizou o processo mental e a reflexão sobre o trabalho, tendo a teoria ocupado o lugar da prática concreta. Recorreu a referências e bases teóricas questionando os fundamentos da arte, a colocação da obra de arte na sociedade e o reconhecimento público do artista no seio dessa mesma sociedade.
Esta proposta artística controversa inspirou-se em Marcel Duchamp, considerado seu percursor, e teve como antecedentes remotos o Construtivismo e o Abstraccionismo e, mais recentemente a Action Painting e o Informalismo.
Considerou a arte como acção linguística, como comunicação e formação do pensamento. Os suportes para a proposição da obra foram raros e integraram a fotografia, películas várias, vídeos, gravações, telefonemas, etc. Entre os autores que praticaram esta forma artística tempos Joseph Koshuth, Hans Haacke, Joseph Beuys e Denis Oppenheim.

BODY ART

Filiada nas artes de acção, foi uma das tendências conceptuais que mais seguidores teve. Nesta arte corporal estiveram incluídas manifestações muito variadas: as mais brutais admitiam práticas de tipo sadomasoquistas como as do grupo vienense (Guntheer Brus e Hermann Nitsch, entre outros); outras, mais calmas, foram as dos ingleses Gilbert e Georg.

PERFORMANCE

Baseada, igualmente, nas artes de acção e na estética do espectáculo, esta forma artística de tipo conceptual englobou actividades pluridisciplinares. Em regra, consistia no desenvolvimento de actividades ligadas à expressão corporal, não se assemelhando à dança nem ao teatro. Desenvolviam-se de uma única vez e, por isso, eram irrepetíveis, tendo um carácter único e original.

LAND ART

Esta manifestação apresenta preocupações ecológicas, recusando a arte comercial. De tipo conceptual, esta arte efémera esgota-se no próprio acto da sua execução, ficando dela apenas o registo fotográfica. Constitui uma manifestação interventiva na paisagem, em grandes espaços naturais, que se pode apresentar de maneiras muitos variadas.



MINIMAL ART

Apelou à necessidade de recorrer aos elementos básicos e essenciais da matéria plástica. Decorrente da Land Art, manifestou desprezo pela figuração e empregou um número mínimo de elementos plásticos e de cores, cujo efeito impessoal é devido ao uso de materiais individuais. Na sua maioria, as obras desta vertente conceptual são tridimensionais, designando-se por estruturas primordiais.
Na pintura pode ser definida pelo número restrito de elementos, sendo muitas vezes constituída por superfícies monocromáticas, sem qualquer alteração tonal.






ARTE POBRE

A Arte Póvera, surgida em Itália em 1967 é constituída por actividades artísticas variadas, pouco definidas, cujo ponto comum é a sua elaboração com materiais pobres, como materiais já usados, desgastados ou pouco usuais em arte.
Criticada por alguns como repressora da actividade artística devido à sua escassez de materiais empregues, teve, no entanto, inúmero adeptos em Itália, destacando-se Mário Mert e Piero Manzoni que enviou para as galerias os seus próprios excrementos enlatados com o rótulo “Artist’s Shit”, retomando a atitude de Duchamp e dos seus ready-made.
As obras tardias de Burri, formadas por sacos cosidos e as de Lúcio Fontana, com telas esburacadas são consideradas também como pertencentes a este movimento, talvez pela escassez de materiais empregues.
APÓS A DÉCADA DE 70

INSTALAÇÃO

Define-se como um processo de realização plástica que contempla a construção de cenários e ambientes, muitas vezes povoados de objectos do quotidiano. A sua expressão é complexa e revela-se de forma crítica em relação ao fenómeno artístico em si próprio, contestando, também, aspectos sociais. Este pendor crítico e satírico é revelado, igualmente, pelo carácter não comercial destas obras.
Os autores que cultivaram esta forma de arte foram: Joseph Beuys, Daniel Buren, Pistoletto, Pfaff, entre outros.

TRANSVANGUARDA ITALIANA

É a mais recente tendência artística da arte contemporânea, definida pelo seu crítico e “inventor”, Achille Bonito Oliva como instrumento de transição, de passagem, de uma obra para outro e de um estilo para outro.
É uma arte que se desvinculou de compromissos intelectuais, redescobrindo o gosto pela arte artesanal e pelo desejo de conquistar o público.
Os seus autores são ecléticos e têm consciência de que são o fruto de um “feedback”, não desdenhando a actividade mercantil da arte. É considerada como uma metamorfose do Expressionismo e constitui a primeira manifestação pós-moderna.

A ARTUITECTURA E O DESIGN NO SÉC. XX

ART DÉCO

A Art Déco nasceu nas primeiras décadas do séc. XX e consistiu, na sua essência, a imagem das hesitações conceptuais do primeiro modernismo. Aderiu a modernos materiais e aos processos de produção e pactuou com a tradição, mergulhando as suas raízes no Arts And Crafts e na Deutscher Werkbund, e em certas concepções na Arte Nova da qual é, em muitos aspectos sua directa sucessora.
Acima de tudo, numa época de racionalidade e funcionalismo que começava a condenar o ornamento, assumiu-se, fundamentalmente, como um estilo decorativo – uma estética nova, moderna, eclética, aplicável a todas as actividades artísticas (arquitectura, artes aplicadas, design industrial, etc.) transformando-se, tal como acontecera com a Arte Nova, numa moda característica de um tempo e de um modo de pensar.
Na arquitectura aplicou-se sobretudo na decoração de interiores, influenciando no entanto inúmeros edifícios modernistas, com predilecção por fábricas, cinemas, teatros, etc. as construções de inspiração Art Déco apresentam as seguintes características:
São construções de tecto plano, nas quais predomina a horizontalidade;
Aplica a geometrização na composição do espaço (plantas) e das fachadas;
Apresentam a simplicidade estrutural e grande clareza de volumes de traçado geométrico;
A decoração é contida, estilizada e abstractizante, recorrendo por vezes à cor.

LE CORBUSIER E O LANÇAMENTO DO ESTILO INTERNACIONAL

Norteado pelo racionalismo funcionalista da sua época esta figura propôs, então, a aliança entre a arquitectura e a indústria na procura de uma construção que respondesse, de forma técnica, racional e materialista, aos problemas das sociedades do seu tempo. Assim, defendeu uma arquitectura prática, liberta de individualismos e sentimentalismos fantasistas preocupada com a economia de meios e de gastos e socialmente comprometida.
O objectivo principal de Corbusier era encontrar normas padronizadas para desenhar e projectar habitações económicas, acessíveis à maioria, mas onde a vida pudesse decorrer de acordo com os altos padrões de conforto, higiene, e funcionalidade dos tempos modernos Para isso, era necessário definir o “mínimo vital” e optimizar meios e recursos na sua construção. Estas concepções eivadas de grande racionalidade e pragmatismo, chegaram a levá-lo a definir as habitações como “máquinas para se viver”.
As ideias de Corbusier consubstanciavam-se em cinco pontos essenciais:
Construção apoiada em pilares, colocados livremente em relação à planta, e servindo para sustentar e isolar o edifício de humidades;
Tectos planos com terraços e jardins na cobertura;
Plantas de andar totalmente livrem;
Fachadas de composição livre;
Janelas colocadas em longas faixas horizontais.

O ORGANICISMO DA FRANK LLOYD WRIGHT

A arte e a arquitectura procuraram vias mais humanas e sensíveis que evidenciassem preocupações com o ambiente circundante e que respeitassem as tradições locais, a nível do uso de materiais e das técnicas construtivas. Assim, o contexto regional e as preocupações ambientais, a nivele estético e ecológico, assumiram, para esta corrente, aspectos decisivos na construção e no urbanismo.
Frank Lloyd Wright iniciou a sua actividade junto da “Escola de Chicago” e executou uma arquitectura organicista onde as divisões da planta eram determinadas de uma forma autónoma, integrando-se umas nas outras, adquirindo uma unidade espacial. Os elementos estéticos mais respeitados pelo arquitecto eram:
● A recusa ao maquinismo tecnológico, enquanto estandartização;
● O apego ao individualismo, característica que ele valorizava como símbolo do povo americano;
● A relação íntima entre artesanato e industria e a utilização dos materiais tradicionais em cada região;
● Concepções espaciais e estéticas baseadas na pureza das linhas horizontais, no equilíbrio das massas e volumes construídos e na perfeita integração do edifício no meio envolvente.

A BAUHAUS E O MOVIMENTO RACIONALISTA DO MOVIMENTO MODERNO

Surge em 1919, na Alemanha, em Weimar, fundada pelo arquitecto alemão Walter Gropius como uma escola de artes que propunha fazer a interligação entre artes aplicadas e belas-artes.
O seu programa, assinado por Gropius, lançou um projecto pedagógico inovador que assentava no trabalho de equipa e na interacção teoria/prática, concedendo, igualmente, grande liberdade de criação e de concepção. Esse programa foi executado por um grupo escolhido de professores, operários industriais e artistas plásticos que funcionaram em sistema de cooperação e interacção. Deste modo, a Bauhaus exerceu um papel de charneira na formação de novos artistas, na renovação da pesquisa plástica e na modernização do desenho industrial alemão.
O período de Dessau, entre 1924 e 1930 foi o mais fecundo e próspero da Bauhaus. Ultrapassadas as tendências expressionistas da primeira fase, a escola orientou-se por critérios funcionalistas e racionais, defendendo a actualização tecnológica e a normalização do desenho industrial.
Na Bauhaus, a Gropius sucedeu Hannes Meyer e Mies Van Der Rohe, no período em que a escola funcionava na Alemanha em Berlim. Aqui, produziu uma arquitectura racionalista e estruturalista, assente em soluções técnicas avançadas, com base no esqueleto em caço e em materiais modernos (mármore e vidro sobretudo). Explorou novas concepções espaciais, norteadas por elevados padrões estéticos, os quais pugnavam pela simplicidade formal e estrutural, que em exteriores que nos interiores, onde o espaço se desenvolve em continuidade.